Édipo Rei ao mesmo tempo em
que é o primeiro grande clássico ocidental é também, de certo modo, a origem da
tragédia grega. A palavra tragédia vem do grego 'tragos', que é 'bode', e
'odia', o 'canto'. Há 2 hipóteses: a de que o bode era prêmio dum concurso de
recitação em honra de Dionísio, deus do vinho e do teatro. Outra teoria é a de
que a palavra era 'trigos', não 'tragos', e designava a colheita da uva.
Na 'Poética', Aristóteles
afirma que a tragédia surgiu da evolução dos coros de ditirandos em homenagem a
Dionisio. É possível ver em 'As Bacantes' que quem não se rendesse a Dioniso
era destroçado. Para Aristóteles, a tragédia purifica (katarsis) emoções,
principalmente compaixão e medo.Quanto mais 'katarsis', melhor. Há uma espécie
de cura, operação medicinal pelo Teatro.
Era uma espécie de obrigação
e privilégio frente à cidade que os ricos fossem 'coregos': patrocinadores do
evento. A ideia de concurso era muito presente nessa mentalidade
'ocidentalizante' da Grécia, de vaidade e disputa. As tragédias gregas
trabalhavam com os elementos dos épicos, com essa tradição. Mesmo quando a
tragédia se distancia do 'tragos',a essência permanece:o ato edípico de furar
os olhos ou seu suicídio.
Adorno disse que a essência
do sacrifício existir é o que mantém o vigor da arte. A tragédia é isso: a
tensão existente em torno de rituais corrompidos, tanto religiosos como cívicos.
Para Aristóteles, 'Édipo Rei' era a tragédia mais perfeita, principalmente pela
estrutura do enredo - o 'mithos'.
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