sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aula sobre Édipo Rei e a origem da Tragédia Grega



Édipo Rei ao mesmo tempo em que é o primeiro grande clássico ocidental é também, de certo modo, a origem da tragédia grega. A palavra tragédia vem do grego 'tragos', que é 'bode', e 'odia', o 'canto'. Há 2 hipóteses: a de que o bode era prêmio dum concurso de recitação em honra de Dionísio, deus do vinho e do teatro. Outra teoria é a de que a palavra era 'trigos', não 'tragos', e designava a colheita da uva.

Na 'Poética', Aristóteles afirma que a tragédia surgiu da evolução dos coros de ditirandos em homenagem a Dionisio. É possível ver em 'As Bacantes' que quem não se rendesse a Dioniso era destroçado. Para Aristóteles, a tragédia purifica (katarsis) emoções, principalmente compaixão e medo.Quanto mais 'katarsis', melhor. Há uma espécie de cura, operação medicinal pelo Teatro.

Era uma espécie de obrigação e privilégio frente à cidade que os ricos fossem 'coregos': patrocinadores do evento. A ideia de concurso era muito presente nessa mentalidade 'ocidentalizante' da Grécia, de vaidade e disputa. As tragédias gregas trabalhavam com os elementos dos épicos, com essa tradição. Mesmo quando a tragédia se distancia do 'tragos',a essência permanece:o ato edípico de furar os olhos ou seu suicídio.

Adorno disse que a essência do sacrifício existir é o que mantém o vigor da arte. A tragédia é isso: a tensão existente em torno de rituais corrompidos, tanto religiosos como cívicos. Para Aristóteles, 'Édipo Rei' era a tragédia mais perfeita, principalmente pela estrutura do enredo - o 'mithos'.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Razões da violência em São Paulo e Santa Catarina



WASHINGTON NOVAES é um jornalista atento às causas das violências que estão ocorrendo principalmente em São Paulo e em Santa Catarina. Parece que uma orgnização criminosa com algumas características de estado paralelo está se enfrentando com o Estado constitucional.Todos nos perguntamos, sem entender exatamente o porquê deste recrudescimento da violência, com tantas vítimas inocentes e com tantos policiais assassinados. Aqui vai uma reflexão esclarecedora de W.Novaes que acaba de ser publicada em O São Paulo de 23/11/2012 sob o título: “As novas percepções na escalda da violência”.


Que quer dizer exatamente a onda redobrada de violência na Grande São Paulo e interior paulista, Santa Catarina, Goiás, Paraíba, Bahia, Ceará e outros Estados ? O tema está a cada dia mais presente na comunicação e suscita, inclusive em entrevistas e artigos assinados, muitas interpretações. Na verdade, a questão já era muito forte e só agora temos uma nova visão ? Ou se trata de uma escalada na violência ? Por que ? Será coincidência ou um salto de consciência ?
Carmo Bernardes, o falecido escritor mineiro/goiano, costumava dizer que os acontecimentos (e a consciência sobre eles) em nossas vidas não escorrem lentamente, e sim dão saltos repentinos: de um momento para outro vem-nos a consciência de que houve uma mudança forte, um salto. Será assim neste momento ? Ou se trata apenas de coincidência, situações momentâneas ? Por um lado, as estatísticas de crimes mostram que a situação não é nova, embora possa ter-se agravado – apenas se estaria dando mais ênfase. De fato, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, citado pelo ministro da Justiça (ESTADO, 14/11), diz que já tínhamos no ano passado 471,2 mil pessoas presas em 295,4 mil vagas, com um déficit de 175,8 mil vagas e 1,6 preso por vaga. Só no Estado de São Paulo, 195 mil presos, ou 1,9 por vaga. Nas 28 prisões da Região Metropolitana, no ano passado, 43,6 mil presos. E 250 mil pessoas detidas provisoriamente.
Então, por que não percebemos antes a enormidade do quadro, só lhe damos atenção agora ? Há indícios de que ocorreram mudanças importantes e certas coisas parecem mais visíveis. Entre elas, um aparente deslocamento geográfico do crime organizado, em busca de novos territórios, desde que cessou o acordo não declarado que havia no Rio de Janeiro, desde o governo Chagas Freitas, na década de 70, entre a polícia e o tráfico de drogas – “vocês não descem o morro e nós não subimos”. Com a ocupação de morros e favelas pelo programa das UPPs, o crime (drogas, especialmente) teve de migrar – inclusive para fora do Estado. São Paulo e Santa Catarina parecem ser novos territórios, ou a busca deles.
Mas essa busca tem implicado uma escalada. Os comandos de organizações na área do tráfico têm recorrido até à requalificação técnica de seus membros, matriculando-os em cursos que ensinam a manusear explosivos (Folha de S. Paulo, 18/11). Tem significado a exigência de que os devedores aos mandantes do tráfico sejam obrigados a saldar suas dívidas executando policiais – 6 PMs e dois agentes prisionais foram executados em 20 dias (Estado, 15/11), quando 154 pessoas foram assassinadas. Em um ano, foram mortos 93 policiais (19/11) Ordens de ataques têm partido de dentro de prisões (15/11), a ponto de os governos federal e paulista cogitarem de implantar bloqueadores de celulares em presídios, ao custo de R$1 milhão em cada um deles levado para 143 unidades prisionais (19/11). A evidência de que esses novos fatores influenciam a visão das autoridades paulistas está no processo, já iniciado, de transferir líderes de organizações para presídios de segurança máxima fora do Estado (17/11), e no anúncio de que haverá ações importantes em “14 pontos estratégicos do Estado”.
Para completar o quadro da redistribuição geográfica do crime organizado: parece claro que o Centro-Oeste brasileiro transformou-se no ponto de recepção e redistribuição de drogas advindas das regiões de fronteira. Goiânia teve quase 500 homicídios no ano passado, mais de 500 este ano, até agora – quase invariavelmente relacionados com o tráfico e o não-pagamento de dívidas. Rio Verde, cidade de 185 mil habitantes, em 2011, quase 100 assassinatos. Este ano, mais (O Popular, 19/11). De certo modo, os fatos estavam diante dos nossos olhos há muito tempo. Na Paraíba, a Polícia Federal prendeu mais de 30 policiais e agentes de segurança “envolvidos em grupos de extermínio” (Estado, 10/11). De 1984 para cá, escreve o leitor Marcelo de Lima Araújo, mais de um milhão de pessoas foram assassinadas intencionalmente no Brasil”, o “20.o país mais violento do mundo”.
E mesmo deixando de lado as razões sociais desse quadro não há como entrar nessa seara abominável do crime e do crime organizado sem referência à situação calamitosa do Judiciário, que implica também a ausência de ressocialização de quem está na prisão – parte da pena quase inexistente. Nada menos de 423,4 mil processos, ao todo, estão paralisados em tribunais federais e estaduais (Agência Globo, 16/11), aguardando julgamento. Nos tribunais federais nada menos de 26 milhões de processos foram abertos em 2011 (eram 5,1 milhões em 1990). E com isso 90 milhões de processos tramitam nos tribunais.Mas no ano passado, cada ministro do STJ julgou 6955 ações; no TST, 6.299 cada um; no TSE, 1.160. Como dar conta da papelada toda ?
É evidente que nossos modos de viver, acotovelados em grandes cidades e megalópoles, geram condições favoráveis – geográficas, econômicas, sociais, de dificuldade de cobertura policial em toda a área etc. Mas as verbas previstas para construção de presídios até 2014 são de apenas R$1,1 bilhão, com 24 mil vagas implantadas, 42 mil contratadas; apenas 7.106 entregues (Folha de S. Paulo, 18/11). E quanto a novas condições sociais e econômicas nas grandes cidades, não há muitas razões para otimismo. Estudo de 40 especialistas da USP, ao lado de 81 técnicos, para o governo paulistano, diz que “A São Paulo dos sonhos” “poderá estar pronta em 2040”, nas áreas de transportes coletivos, habitação, despoluição de rios etc. E custaria R$314 bilhões.
Haja paciência e fé! E ainda a crença ilusória de que algo será possível, principalmente nas áreas de segurança e justiça, sem reformas mais amplas, de caráter global mesmo. Migração de fatores sociais e da criminalidade, escaladas de violência etc., não se detêm diante de fronteiras municipais, estaduais ou nacionais.

Impedir a periferia de ter pensamento próprio é forma de racismo, diz escritor moçambicano



Repórter da Agência Brasil (São Paulo) – O escritor moçambicano Mia Couto disse, em São Paulo, que impedir a população mais pobre de pensar por si mesma é uma prática racista. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. Mas, poeta? No sentido que o poeta não produz só uma arte, mas pensamento. Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o bonito. Mas, pensamento próprio, isso não”.
O escritor, que já recebeu diversos prêmios, como o da União Latina de Literaturas Românicas, visitou ontem (7) o sarau da Cooperifa. O evento é realizado toda quarta-feira no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela, zona sul paulistana. Nessas reuniões, que ocorrem há 11 anos, crianças, adolescentes e adultos se revezam ao microfone para recitar poesia.
“É uma coisa nova que me acontece no Brasil, estar em um lugar como este”, disse ao começar o bate-papo com a plateia que lotou a laje do bar para ouvi-lo. Couto já esteve no país em várias ocasiões, mas só na noite de ontem satisfez a vontade de conhecer a periferia de uma grande cidade.
“Faltava-me essa experiência”, ressaltou. “Eu queria visitar a periferia de uma cidade brasileira pela mão de amigos, pela mão de gente da periferia”, acrescentou o autor que também se sente procedente de um lugar periférico.“Sou filho de portugueses que migraram nos anos 1950 para uma pequena cidade. Moçambique já é uma periferia. Eu sou da periferia da periferia, porque é uma cidade pequena”.
A identificação com a periferia da zona sul de São Paulo também está, segundo Couto, na resistência à condição de invisibilidade. Para ele, os moçambicanos têm buscado força para dizer: "queremos permanecer, queremos ser parte do mundo, queremos ser parte de um universo que não é sempre periferia”.
Na visão do autor, o processo é semelhante ao que ocorre com o projeto da Cooperifa que, além de fomentar a criação literária, busca formar público para a cultura produzida na região. “Eu vi aqui um pensamento que está muito vivo e que está contaminando, fazendo acontecer coisas”, destacou o escritor que admite ser fortemente influenciado pela cultura brasileira.
“Vocês não podem imaginar a importância de pessoas como Jorge Amado, por exemplo, nessa vontade de dizer: afinal, podemos falar dos nossos próprios assuntos. Afinal, o negro e o mulato podem ser personagens. Afinal, as nossas coisas têm valor”, disse, ao comentar como a literatura brasileira ajudou na formação das gerações das décadas de 1950 e 1960 em seu país.
Não só os autores brasileiros ajudaram na formação de Mia Couto, mas músicos como Chico Buarque e Caetano Veloso. “Sempre se pensa que um autor literário é influenciado por outros. E, às vezes, não é só. Eu fui muito tocado pela música brasileira”. Ele lembrou que tem um leque muito amplo de influências musicais, incluindo o sambista paulista Adoniran Barbosa.
Como morava em uma antiga casa colonial, contou que na juventude havia pressão para a demolição desse tipo de imóvel e a construção de edifícios mais modernos. “Lá em casa havia esse medo, que não era pronunciado, de que viesse qualquer coisa que nos levasse a isso. E essa canção do Adoniran Barbosa [Saudosa Maloca] era uma espécie de hino. Porque aquela demolição não era só de um edifício, era a demolição de um passado, de um lugar onde fomos felizes”.
Couto destacou que também encontra a África fortemente enraizada na alma dos brasileiros. “O brasileiro tem uma alma mestiça e conseguiu essa mestiçagem naquilo que era mais difícil, no componente religioso. As religiões africanas conseguiram se infiltrar nesse meio mais íntimo, naquilo que é mais fundo da nossa alma.
Mia Couto estudou medicina, formou-se em biologia, mas adotou o jornalismo depois da queda da ditadura em Portugal, em 1975, e engajou-se na guerra de libertação de Moçambique. É um dos autores do Hino Nacional moçambicano, adotado em 2002. Terra Sonâmbula, seu primeiro romance, de 1992, foi considerado um dos 12 melhores livros africanos do século 20 por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue.                               Edição: Graça Adjuto

terça-feira, 13 de novembro de 2012

‘Consumo é uma espécie de terapia’, afirma o filósofo Gilles Lipovetsky


Edição do dia 13/11/2012
13/11/2012 14h08 - Atualizado em 13/11/2012 14h08


Para pensador, há homens que ainda são movidos por valores éticos e culturais, protestam contra injustiças e não pensam só em ganhar dinheiro.




Autor do conceito de hipermodernidade, Gilles Lipovetsky acredita que viver não é sinônimo de consumir. “O consumo é uma espécie de terapia, uma maneira de fugir da velhice e da rotina”, afirma o filósofo. No entanto, ele destaca que nem tudo foi canibalizado pelo mercado e que ainda há homens que são movidos por valores éticos e culturais, que lutam contra injustiças e não pensam apenas em enriquecer.
O luxo, porém, cativa cada vez mais os indivíduos. “O luxo não conhece crise, porque o planeta está ficando mais rico. A concentração de riqueza é cada vez maior”, aponta o filósofo. Diferentemente do que acontecia no passado, quando se aceitava que o luxo estava destinado aos ricos, as pessoas querem hoje participar desse mercado.
A crise por que passam Estados Unidos e Europa não põe em xeque o desejo de consumir, mas aponta para a necessidade de transformar o consumo. Segundo Lipovestky, é preciso rever o modelo, sem demonizar o consumo. “A solução não está em uma espécie de cruzada ascética para gerar culpa nos consumidores”, diz.
O filósofo acredita que a educação ocupa um lugar importante na mudança de mentalidade. “O papel da escola é suscitar nas pessoas o gosto pelo empreendimento para que elas não sejam apenas consumidoras”, avalia. A internet, tida por muitas como capaz de revolucionar a educação, não é desconsiderada por Lipovetsky, mas o autor acredita que os professores são fundamentais.
Para assistir a entrevista completa acesse http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2012/11/consumo-e-uma-especie-de-terapia-afirma-o-filosofo-gilles-lipovetsky.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE (RMVPLN)



Conheça a região metropolitana do Vale do Paraíba em números atualizados!
Consulta pública sobre as potencialidades, as oportunidades e os obstáculos para o desenvolvimento da Região REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE (RMVPLN)

http://www.consultaemplasa.sustentare.org/consulta.php

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Dia Internacional da Filosofia

No próximo dia 15 de Novembro é o Dia Internacional da Filosofia instituído pela Unesco desde 2002. Tem sido cada vez mais comum nas nossas escolas a organização de eventos para assinalar este dia. O tema escolhido pela Unesco este ano foi “As gerações futuras”, que assenta muita bem no clima de incerteza que se vive nos países do sul da Europa. No sentido de tomar essa incerteza e angústia pelo futuro como mote para uma reflexão significativa, elaboramos uma pequena proposta de atividade para ser desenvolvida em contexto de sala de aula. Tal como o futuro incerto que nos aguarda, a proposta é aberta, devendo ser adequada aos contextos em que será aplicada (pode-se utilizar um texto e não os dois, realizar outro questionário, centrar toda a discussão num debate e não em trabalho de grupo, etc.). 
Os documentos da atividade “Dia Internacional da Filosofia - O mito de Sísifo” encontram-se no link abaixo. O primeiro é um pequeno vídeo que pode ser utilizado para motivar os alunos, segue-se um arquivo zipado com todos os documentos. Bom trabalho.




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

9 razões para estudar filosofia


A filosofia é uma matéria complicada, que normalmente recebe pouca atenção dos alunos e não é muito procurada para graduação. Confira 9 razões para estudar filosofia na faculdade

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No que um diploma de filosofia pode ser útil? Essa é uma questão que pode interessar aos estudantes universitários e àqueles que pretendem se graduar nessa matéria. Por que escolher estudar filosofia? Confira 9 razões:

1. Poder de reflexão

Saber refletir sobre os princípios mais importantes que modelam a sua conduta e a sua visão de mundo é uma das atividades mais importantes que você pode adquirir em sua vida. Se você a realiza com precisão, não importa qual for o seu futuro, você terá à sua disposição as mais essenciais ferramentas para enfrentá-lo.

 2. Criatividade

O estudo da filosofia encoraja o pensamento criativo oral e escrito. Devido ao caráter persuasivo do filósofo, você será treinado para criticar argumentos e inventar propostas alternativas. Isso não é nada mais do que um exercício de criatividade, o qual pode ser precioso a você não importa em qual seja sua futura ocupação.

3. Lógica

A filosofia é baseada na argumentação e, portanto, induz à familiariedade com a lógica da argumentação boa e ruim. Além disso, a maioria dos cursos de filosofia tem aula de pensamento crítico e lógica simbólica. Esta é a razão pela qual os estudantes dessa competência são bons em detectar linhas de raciocínio defeituosas, bem como contratos duvidosos.

4. Pensar por conta própria

Uma vez que o estudo da filosofia envolve uma boa dose de criatividade, persuasão e rigor lógico, então os filósofos provavelmente sabem pensar por conta própria. Quem não desejaria isso?

5. Questões fundamentais

A filosofia é tipicamente dedicada a responder questões fundamentais. Portanto, estudantes dessa matéria normalmente são educados para pensar nas mais básicas suposições em relação ao problema que estão enfrentando. Essa habilidade pode ser crucial em diversas situações de nossas vidas.

6. Escrita autêntica

A filosofia encoraja a escrita autêntica. Em redações filosóficas, mesmo que você esteja analisando a opinião de um outro autor, você não pode simplesmente copiar e colar as palavras do filósofo. Você precisa usar suas próprias palavras e realizar suas próprias críticas.

7. Oratória autêntica

Análogo ao já explicado na dica 6, para discutir filosofia, você tem que saber expressar o seu ponto de vida a um oponente com as suas próprias palavras.

8. Ler criticamente

Para ler filosofia, é preciso ter pensamento crítico. Quando você está lendo um texto filosófico, é necessário identificar o problema principal, assim como os argumentos que suportam essa visão e avaliá-los. Esta é uma habilidade que pode ser transportada a diversos outros campos e, inclusive, uma das razões pelas quais estuda-se filosofia em cursos de comunicação.
  

9. Emprego

Cada vez mais as escolas têm contratado professores de filosofia, pois esta é uma matéria - pelo menos teoricamente - obrigatória no currículo do Ensino Médio. Além disso, ela está cada vez mais presente no vestibular. Finalmente, alguns artigos têm saído na internet, vindo principalmente de portais americanos, elogiando a perfomance de filósofos no mundo dos negócios. Até o New York Times já elogiou filósofos.

A fantástica fábrica de Nobel



De um prédio suntuoso do meio do Bronx, distrito nova-iorquino marcado pela coexistência nem sempre pacífica de imigrantes de etnias diferentes, saíram algumas das mentes mais notáveis da ciência no mundo. Foi neste lugar, na escola pública Bronx Science High School, que foram formados não um nem dois, mas oito cientistas que acabaram recebendo um prêmio Nobel. O mais recente deles acabou de ser anunciado: Robert Lefkowitz recebeu o Nobel de Química deste ano por mapear uma importante família de receptores e mostrar como as células do corpo reagem a estímulos.
“Temos orgulho de oito dos nossos alunos terem sido premiados com um Nobel”, diz Jean Donahue, diretor assistente pela área de ciência, ao Porvir. A lista de premiados começou a ser construída em 1972, quando Leon Cooper ganhou o Nobel de física. Os dois seguintes, Sheldon Glashow e Steven Weinberg, colegas de escola, receberam juntos também o Nobel de Física em 1979. E assim foi. Em 1988, 1993, 2004 e 2005, todos de física. Neste ano, Lefkowitz foi o primeiro dos ex-alunos da instituição a ser laureado por suas pesquisas em química. Todos eles frequentaram os bancos e laboratórios da escola entre as décadas de 40 e 60. Se a Bronx Science High School fosse um país, estaria em 13o lugar, junto da Bélgica, em número de laureados. Apenas a título de comparação, o Brasil até hoje nunca recebeu um Nobel.
crédito Elena Moiseva / Fotolia.com
 
E qual seria o segredo para uma receita de tanto sucesso? A essa pergunta, Donahue responde com um singelo “tentamos incutir o método científico nos alunos”. Inaugurada em 1938 já com a preocupação de ser forte no ensino de ciências, a escola tem como lema “Perguntar, Descobrir e Criar”. “Nossa filosofia é centrada em ensinar habilidades de pensamento crítico. Nós queremos inspirar os alunos a fazer perguntas sobre o mundo em volta deles e guiá-los a encontrar as respostas”, afirma o diretor. Assim, diz ele, mesmo que um estudante não tenha afinidade com ciência, ele levará para a vida competências úteis que servirão em qualquer carreira.
Na prática, esse “incutir o método científico” quer dizer que um aluno interessado por ciência terá a sua disposição uma gama de disciplinas obrigatórias e eletivas um tanto rara em escolas públicas de ensino médio. Eles podem fazer aulas avançadas de genética, química analítica e microbiologia. A escola estimula seus estudantes também a encontrarem um assunto que queiram estudar a fundo e, definido o tema, os ajuda a encontrar um cientista da academia que aceite dar apoio ao trabalho dos jovens. “Muitos professores generosos têm concordado em receber nossos alunos e permitiram que eles trabalhassem em seus laboratórios”, disse Donahue.
crédito BxScience/ Divulgação
 
E para quem não gosta tanto assim de ciências, há opções de eletivas em outras áreas do conhecimento – talvez esse dado justifique o fato da escola também colecionar vencedores do Pulitzer, maior prêmio norte-americano de jornalismo – seis estudantes e sete prêmios. Só em línguas estrangeiras, os alunos têm a opção de estudar chinês, francês, grego, japonês, espanhol, italiano e até latim. Na área de humanas, é possível fazer estudos aprofundados em governo e política, geografia humana e Holocausto. “Muitos de nossos alunos têm interesse particular em ciência e matemática, mas muitos não têm”, afirma o professor.
Para entrar na escola, é preciso fazer um exame de admissão e ser morador de Nova York. A procura costuma ser grande, uma vez que, além do histórico de Nobel e Pulitzer, a escola está entre as mais bem avaliadas de Nova York e seus egressos costumam ir bem nos vestibulares das universidades norte-americanas. E isso, para uma região que vive desafios sociais, é sempre uma boa notícia. “Muitos dos nossos alunos vêm de famílias de imigrante. Muitos são realmente pobres, mas a maior parte vem de famílias com rendimentos modernos”, disse o diretor.