sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Felicidade e Virtude em Aristóteles


Nessa fecunda e providencial madrugada a presença inesperada de Aristóteles me fez retomar alguns pensamentos sobre sua filosofia, em especial a relação entre felicidade e virtude. Para nosso nobre filósofo, felicidade depende da virtude, a capacidade de desenvolver plenamente o que se é. A virtude é sempre a melhor coisa, realização da própria potência. Portanto, a felicidade não é a mesma para todos. Felicidade e virtude formam, para Aristóteles, uma vida completa. É importante não confundir virtude com desejo. Todavia, o homem não é apenas um ser natural. Ele precisa aprender o que é essa natureza e como controlá-la, a virtude seria para ele uma espécie de segunda natureza, tamanha a sua importância para a espécie humana. Filtrada pelo crivo da razão, a descoberta de nossas próprias virtudes nos levará à felicidade. Portanto, não existe felicidade separada do conhecimento. Em que eu sou bom?' é a primeira pergunta para uma vida boa.
A busca pela virtude deve ser mediada pela razão para não se transformar em impulsos. O caminho do meio é o recomendado por ele, pois o excesso pode não gerar felicidade e a falta causa infelicidade. A “via media” (vida mediada, meditada, centrada ao meio, equilibrada) não é a mediocridade, longe disso. É o caminho da racionalidade, que permite a autorreflexão. É a partir dessa reflexão que nós conhecemos nossa própria via media. É no cotidiano que a descoberta acontece. Nosso intelecto não tem via media, apenas nossas ações, nosso corpo, sentimentos, aquilo que precisa moderação. Portanto, o aprendizado não é somente intelectual, mas de caráter, do que é bom ou mau, algo muito importante. Aquilo que temos como hábito é a raiz da formação do caráter.
Hábito e prática, em Aristóteles, são decorrentes de nossas interações com os outros, algo impossível de desaprender. A análise do hábito é virtude intelectual. Pensar sobre ele não é algo natural. Ninguém pensa como segurar um lápis. O aprendizado é uma saída do hábito mental para um desconforto e, consequentemente, um novo hábito. Quando quebramos o automatismo do hábito, aprendemos. É uma tarefa difícil, pois os elos do hábito são fortíssimos. Pode-se questionar todos os hábitos. Agir de fato e questioná-los é algo mais raro. Todo inovador encontra resistência. Retirar outros da zona de conforto é muito difícil e raramente aceito de primeira. Enfim, o sucesso da educação depende do hábito dos ouvintes (alunos).

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